
TARE: o que é o Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo na infância e como identificar
Entenda o TARE (Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo), seus sintomas, impacto no crescimento infantil e a importância do tratamento multidisciplinar.
Se você já percebeu que seu filho demonstra pouco interesse por comida, evita certos alimentos ou segue padrões alimentares muito rígidos, saiba que esses sinais podem estar relacionados ao TARE, o Transtorno Alimentar Restritivo/Evitativo.
Esse transtorno, comum na infância, vai além de uma simples birra ou seletividade alimentar: ele pode impactar diretamente o crescimento saudável e o desenvolvimento psicológico da criança.
Crianças com TARE costumam apresentar sintomas como falta de apetite, recusa a alimentos com determinados cheiros, texturas ou cores, e até mesmo um histórico de traumas relacionados à alimentação, como engasgos ou vômitos.
Por isso, é fundamental uma abordagem multidisciplinar, envolvendo psicólogos, nutricionistas e pediatras, para garantir um cuidado completo e sensível. Além disso, o suporte da família é essencial para ajudar a criança a superar essas dificuldades e crescer com saúde e bem-estar.
Neste artigo, queremos apoiar você nessa jornada, oferecendo informações confiáveis e acolhedoras para cuidar do seu pequeno com todo o carinho que ele merece. Boa leitura!
O que é TARE?
O Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo, conhecido como TARE, é um distúrbio alimentar que faz com que a pessoa, geralmente uma criança, evite ou restrinja a ingestão de certos alimentos, muitas vezes por causa da cor, textura, cheiro ou sabor deles.
Diferente de outros transtornos como a anorexia, o TARE não está ligado à preocupação com o peso ou a imagem corporal, mas sim a uma falta de interesse pela comida ou a uma sensação negativa associada à alimentação.
Essa condição vai além da seletividade alimentar comum em crianças pequenas, pois pode causar problemas sérios, como crescimento abaixo do esperado, deficiências nutricionais e impacto no desenvolvimento físico e emocional. Crianças com TARE podem apresentar sintomas como recusa persistente de alimentos, padrões alimentares muito rígidos e até dificuldades sociais relacionadas à hora das refeições.
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Quais são os subtipos do TARE?
O TARE pode se manifestar de formas diferentes, e entender esses subtipos ajuda a identificar melhor o que a criança está enfrentando. Basicamente, existem três tipos principais:
Subtipo sensorial: A criança evita alimentos por causa do cheiro, sabor, textura, cor ou aparência. Ela se sente mais segura comendo apenas o que já conhece e gosta.
Subtipo falta de interesse pela comida: Aqui, o apetite é muito baixo ou quase inexistente. A criança pode ver a hora da refeição como uma obrigação e não sente fome ou prazer em comer.
Subtipo medo de consequências aversivas: Esse acontece quando a criança teve uma experiência ruim relacionada à comida, como engasgar ou vomitar, e passa a evitar alimentos que possam causar o mesmo desconforto.
Cada criança é única, e muitas vezes esses subtipos podem aparecer juntos. Por isso, é tão importante um olhar cuidadoso e uma avaliação feita por profissionais especializados para garantir o melhor cuidado possível.
Quais são os sintomas do TARE?
O Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo (TARE) pode ser difícil de identificar no começo, porque muitas vezes parece apenas uma criança “enjoadinha” para comer. Mas, na verdade, o TARE vai além da seletividade comum e traz sinais que merecem atenção especial. Os sintomas mais comuns incluem:
Falta de interesse pela comida: A criança pode não sentir fome ou não demonstrar vontade de comer, encarando a refeição como uma obrigação chata.
Evitar certos alimentos: Muitas vezes, a recusa está ligada a características sensoriais, como cheiro, cor, textura ou sabor, fazendo com que a criança limite muito o que aceita no prato.
Padrões alimentares rígidos: A criança pode aceitar apenas alguns poucos alimentos específicos e rejeitar qualquer novidade, o que dificulta uma alimentação equilibrada.
Perda de peso ou crescimento abaixo do esperado: A restrição alimentar pode afetar o desenvolvimento físico, levando a deficiências nutricionais importantes.
Ansiedade e desconforto durante as refeições: O momento de comer pode gerar estresse, medo ou até sintomas físicos como náuseas.
Além disso, o TARE pode impactar o convívio social, já que a criança pode evitar situações que envolvam comida, como almoços em família ou festas, prejudicando seu bem-estar emocional.
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Impactos do TARE no crescimento e na saúde infantil

O TARE pode trazer consequências sérias para o crescimento e a saúde das crianças. Quando a alimentação fica muito restrita, a criança pode não receber os nutrientes essenciais para o seu desenvolvimento, o que pode levar a um crescimento abaixo do esperado e até a problemas como anemia, baixa imunidade e fraqueza óssea.
Isso acontece porque a falta de vitaminas e minerais importantes, como ferro, cálcio e vitaminas do complexo B, compromete o funcionamento do corpo e o fortalecimento dos ossos e músculos. Além do impacto físico, o TARE também pode afetar a saúde mental e emocional da criança.
A ansiedade e o estresse durante as refeições podem gerar isolamento social, dificultando a participação em momentos importantes, como festas e almoços com amigos e familiares. Essa relação complicada com a comida pode afetar o bem-estar geral e o desenvolvimento psicológico, exigindo um cuidado atento e multidisciplinar.
Aspectos psicológicos do TARE
Como estamos vendo, o TARE não é só uma questão de “não querer comer” — ele envolve uma série de desafios emocionais e psicológicos que afetam a criança no dia a dia. Muitas vezes, a criança sente ansiedade, medo ou desconforto relacionados à comida, o que pode gerar uma verdadeira resistência na hora das refeições.
Essa reação pode estar ligada a experiências negativas anteriores, como engasgos ou vômitos, que deixam uma marca difícil de superar. Além disso, crianças com TARE costumam apresentar um perfil mais rígido, com dificuldade para lidar com mudanças, o que reforça a evitação de alimentos novos ou diferentes.
Essa rigidez pode dificultar a aceitação de uma alimentação mais variada e equilibrada. Outro ponto importante é que o transtorno pode afetar a autoestima e o convívio social da criança, já que o medo ou a recusa alimentar podem gerar isolamento em situações que envolvem comida, como festas e almoços em família.
Por isso, o apoio psicológico é fundamental para ajudar a criança a lidar com esses sentimentos, reduzir a ansiedade e desenvolver uma relação mais saudável e tranquila com a alimentação.
Como tratar TARE em crianças?
Tratar o TARE em crianças exige muita paciência, cuidado e, principalmente, um time de especialistas que trabalhem juntos para ajudar seu filho a superar essa dificuldade.
O tratamento é multidisciplinar, envolvendo profissionais como psicólogos, nutricionistas e pediatras, que vão atuar em conjunto para garantir que a criança não só aumente a quantidade de alimentos consumidos, mas também amplie a variedade de forma gradual e segura.
Uma das abordagens mais eficazes é a terapia cognitivo-comportamental (TCC), que ajuda a criança a lidar com a ansiedade e o medo relacionados à comida, ensinando-a a experimentar novos alimentos aos poucos, com apoio e reforço positivo.
Em casa, a família também tem um papel fundamental, oferecendo um ambiente acolhedor e tranquilo durante as refeições, além de usar estratégias como a “cadeia alimentar” — combinar alimentos novos com aqueles que a criança já aceita — para facilitar a aceitação.
Em casos mais graves, quando a criança apresenta deficiências nutricionais importantes ou crescimento comprometido, pode ser necessário o uso de suplementos ou até alimentação por sondas, sempre acompanhados de perto por uma equipe médica especializada.
O tratamento pode incluir ainda técnicas para melhorar a motricidade orofacial, que ajudam no controle da mastigação e deglutição, facilitando a alimentação. O mais importante é lembrar que o TARE não é uma “birra” e que cada avanço, por menor que pareça, é uma conquista.
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Cuidando do seu filho com TARE: atenção, apoio e esperança
Entender o que é o TARE e como ele se manifesta é o primeiro passo para oferecer o cuidado que seu filho precisa. Esse transtorno alimentar vai muito além da simples seletividade e pode afetar tanto o crescimento físico quanto o bem-estar emocional da criança.
Por isso, é fundamental contar com uma equipe multidisciplinar — psicólogo, nutricionista e pediatra — que trabalhe em conjunto para oferecer um tratamento completo e personalizado.
Além do acompanhamento profissional, o suporte da família faz toda a diferença. Um ambiente acolhedor, paciente e sem pressa ajuda a criança a se sentir segura para experimentar novos alimentos e superar os medos ou ansiedades relacionados à alimentação.
Lembre-se: o TARE não é uma fase ou birra, mas um transtorno que merece atenção e cuidado especial. Com informação, carinho e o apoio certo, seu filho pode crescer forte, feliz e com uma alimentação equilibrada.
As dicas não substituem uma consulta médica. Procure um profissional de saúde especializado para receber orientações individualizadas.